sábado, 25 de fevereiro de 2012

Espelho

Olho-me ao espelho e vejo nele o que os meus olhos sentem. Às vezes, simpatia, sedução, beleza. Outras, sensibilidade, leveza, eternidade de uma criancice absoluta. Às vezes tento olhar melhor, bem dentro das pupilas dilatas de tanto desejo, e encontro a maturidade e realização que quero ter. Ou será que tenho?
Quem sou eu afinal? - Pergunto-me. E faço-o tantas vezes que o espelho fica baço de desejo, de curiosidade, de vontade de mim.
Limpo a humidade que vai na alma e fecho os olhos, desta vez. Poderei ver o meu reflexo na absorção de um coração que muitas vezes não entende por que bater? Ou serei apenas e só o pulsar de instintos audazes que me preenchem por fora?
Na verdade, eu não sei. E se sei, teimo em não querer dizer.
Não seremos nós isso mesmo? A imagem distraída daqueles que querem mais de nós do que lhes queremos dar? Um suspiro, um abraço, um desabafo lacrimejado de confissões que nem nós próprios julgamos dizer?
Nada dura para sempre. Nem mesmo estas capas, que apesar de rompidas, velhas de nós, teimamos em usar. E um dia – porque ele chega sempre – somos um bocadinho de nós mesmos, num sopro de amor e simplicidade humana.
Quem me dera que este dia durasse para sempre! Assim, conhecer-te-ia espelhada(o) na realidade que és e poderia ver em ti, o reflexo que teimo esconder de mim.



“Esforço-me por descobrir a força de fugir à norma, de ser o Monstro que a vida nos torna”
(Bezegol)

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