Emociono-me sempre. – Caraças, Ana! – Emociono-me sempre.
Estas minhas lágrimas incontroláveis que me fazem dilatar o nariz e enrugar o queixo, surgem sempre e em toda a parte, por bons e maus motivos.
Desde adolescente que sou assim: Uma chorona sem medida. E os meus olhos redondos e expressivos, contribuem em larga escala para que a realidade de uma lágrima a querer sair da toca, seja concretizada. Mesmo que queira – e acreditem que o experimento sempre – não consigo esconder.
Pensei que com o avançar da idade, a dita “mimalhice” me fosse acabar. É, só podia ser do mimo.
“Diz” que é de ser filha única. E como todos os filhos únicos, pertenço à ala dos sempre mimados, mal habituados, egoístas e, claro está, chorões.
Mas não. Desenganem-se os criadores deste estereótipo picuinhas que os filhos únicos não são todos assim. Mimada quanto baste, mal habituada nem pensar, de egoísta já tive dias e chorona… ok, ok. Confirmado.
O que mais me constrange é que tudo o que mexe com este coraçãozinho de manteiga, provoca-me um rio de lágrimas que enche à medida que o assunto se vai desenvolvendo. Quando era pequena ria-me imenso: gozava com a minha avó, de lenço em punho, coladíssima à televisão, a sujar a almofada que era o Ponto de Encontro daquelas lágrimas, trazidas pela voz calma e profunda do Henrique Mendes, que ainda mais lágrimas provocava, valha-me Deus.
E agora, anos idos, vejo-me a chorar até e literalmente pelas pedras da calçada.
Porque são cenários tristes, tenho pena, comovo-me. Porque são dias felizes, fico feliz, comovo-me. Porque os motivos são saudosos, ponho-me no lugar das pessoas, lá caem as lágrimas. Se alguém me responde mal, sentindo-me eu incapacitada e mais pequenina, choro. Elogios? Buaah!
Há quem critique este meu estado de limpeza interior constante. Até eu, que sou eu e, pronto, lá terei de aceitar-me como sou, canso-me de mim mesma. Ao mesmo tempo, comovo-me (sim, comovo-me!) por ser assim. Esta minha sinestesia não é para qualquer um. Não é qualquer pessoa que se deixa embevecer pelas mais diminutas vislumbrações, falando de momentos bons. Que se emociona porque se lembra, simplesmente, que as melhores coisas da vida não têm preço e uma lágrima foragida pelo simples facto de estar aqui, nunca será uma lágrima desperdiçada, quando tudo, por si só, já vale a pena.
Não conheço, por outro lado, muitas pessoas que se deixem (e)levar tanto pelo trabalho que, querendo ser o melhor dos melhores, se deixem levar pela emoção quando as coisas correm. Mal ou bem. Até nisso!
Eu dou muito de mim.
Sinto tudo o que digo.
Totalizo-me em tudo o que faço.
Mal ou bem, certa ou errada, sou eu. E só não choro agora porque há emoções que já aprendi a minimizar.
Snif, snif.
Beijinhos,
Ana