quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Tenho uma lágrima no canto do olho

Emociono-me sempre. – Caraças, Ana! – Emociono-me sempre.



Estas minhas lágrimas incontroláveis que me fazem dilatar o nariz e enrugar o queixo, surgem sempre e em toda a parte, por bons e maus motivos.

Desde adolescente que sou assim: Uma chorona sem medida. E os meus olhos redondos e expressivos, contribuem em larga escala para que a realidade de uma lágrima a querer sair da toca, seja concretizada. Mesmo que queira – e acreditem que o experimento sempre – não consigo esconder.
Pensei que com o avançar da idade, a dita “mimalhice” me fosse acabar. É, só podia ser do mimo. 

“Diz” que é de ser filha única. E como todos os filhos únicos, pertenço à ala dos sempre mimados, mal habituados, egoístas e, claro está, chorões.
Mas não. Desenganem-se os criadores deste estereótipo picuinhas que os filhos únicos não são todos assim. Mimada quanto baste, mal habituada nem pensar, de egoísta já tive dias e chorona… ok, ok. Confirmado.

O que mais me constrange é que tudo o que mexe com este coraçãozinho de manteiga, provoca-me um rio de lágrimas que enche à medida que o assunto se vai desenvolvendo. Quando era pequena ria-me imenso: gozava com a minha avó, de lenço em punho, coladíssima à televisão, a sujar a almofada que era o Ponto de Encontro daquelas lágrimas, trazidas pela voz calma e profunda do Henrique Mendes, que ainda mais lágrimas provocava, valha-me Deus.
E agora, anos idos, vejo-me a chorar até e literalmente pelas pedras da calçada.

Porque são cenários tristes, tenho pena, comovo-me. Porque são dias felizes, fico feliz, comovo-me. Porque os motivos são saudosos, ponho-me no lugar das pessoas, lá caem as lágrimas. Se alguém me responde mal, sentindo-me eu incapacitada e mais pequenina, choro. Elogios? Buaah!

Há quem critique este meu estado de limpeza interior constante. Até eu, que sou eu e, pronto, lá terei de aceitar-me como sou, canso-me de mim mesma. Ao mesmo tempo, comovo-me (sim, comovo-me!) por ser assim. Esta minha sinestesia não é para qualquer um. Não é qualquer pessoa que se deixa embevecer pelas mais diminutas vislumbrações, falando de momentos bons. Que se emociona porque se lembra, simplesmente, que as melhores coisas da vida não têm preço e uma lágrima foragida pelo simples facto de estar aqui, nunca será uma lágrima desperdiçada, quando tudo, por si só, já vale a pena.
Não conheço, por outro lado, muitas pessoas que se deixem (e)levar tanto pelo trabalho que, querendo ser o melhor dos melhores, se deixem levar pela emoção quando as coisas correm. Mal ou bem. Até nisso!

Eu dou muito de mim.
Sinto tudo o que digo.
Totalizo-me em tudo o que faço.

Mal ou bem, certa ou errada, sou eu. E só não choro agora porque há emoções que já aprendi a minimizar. 

Snif, snif.

Beijinhos,

Ana

terça-feira, 10 de setembro de 2013

- Está tudo louco: as árvores e as pessoas.


Foi com surpresa e uma certa condescendência que recebi esta frase no meu cérebro. Realmente está tudo louco, sim.
Quanto às árvores, não vos sei, sinceramente, explicar com as devidas denominações o que se passa, mas dever-se-á ao tempo, à maturidade dos frutos, que consta que agora tudo se transforma muito mais rápido, fora dos limites temporais a que estamos acostumados. Primavera e Outono, serão palavras que já pouco detêm sensações. Exclui-se um meio-termo que sabia tão bem e que me fazia sentir como que em filmes como Outono em Nova Iorque ou a Canção do Sul e prepara-se o espírito e o corpo para o choque: ou muito frio ou muito calor.

Quanto às pessoas… Bem, pensando melhor, acho que sei mais sobre as árvores.
O que posso referir, é que realmente e pensando bem sobre o assunto, não existe muita diferença entre as árvores e as pessoas. Hoje, tal como as árvores, as pessoas maduram rápido, transformam-se sem esperar a sua estação e quando cai a folha vejo-me diante de uma tormenta que nada tem de belo.
Embora as pessoas pensem que estão quentes como no verão, nada fizeram senão alterar as estações e o encanto. E este meu choque vai para Miley Cyrus que embora nunca tenha sido uma referência pessoal, por ter já ficado traumatizada com a Ana Malhoa, revelou-se num ídolo para a criançada que adorava a menina sorridente e divertida que cantava e perseguia os seus sonhos, num ambiente brilhante, de sonho. E ameno, claro está.
De um momento para o outro surge o Verão e ela despe-se. Matura de repente, corta as raízes e lá vai ela, pouco de formosa e muito de segura, aparecer nos media numa postura puramente pornográfica a chocar a pequenada, acostumada à inocência e purpurinas, que a verá como um exemplo a seguir.
È para tirar? Então tira-se!
Confesso-me verdadeiramente abalroada com a mentalidade adquirida um pouco por todo o mundo nos últimos tempos. Vale de tudo. O que é mesmo “fixe” é viver. “Keep Calm” que o corpo é já um objecto, como quem oferece uma pastilha elástica. Beicinhos, nudez, marcas e estilo. Muito estilo. Diz que é swag, meus amigos!
Vão-se, assim, os sonhos das crianças ainda com mais facilidade do que foram absorvidos. Vai-se a sanidade e a salutariedade que acompanhava a Heidi, o Marco, a Rua Sésamo e até o Dragon Ball, que apesar da tontice da tartaruga genial, ainda ia tapando qualquer coisinha e não mudava drasticamente, senão para fazer o bem.

E eu estou apenas preocupada com o nosso futuro, com as crianças, com a (des)evolução da educação. A minha geração já detém o seu “Quê” de loucura e pessoas como a Miley Cyrus só vêm destruir a pouca magia que ainda existe no mundo, dedicada agora a uma realidade literalmente nua e crua.


 É, de facto, hoje em dia está tudo louco: As árvores e as pessoas.