segunda-feira, 20 de maio de 2013




Não,não,não, ai Ai AAAAAIIII !
PUM.

Foi assim, após 3 segundos de muita luta, como que de um sabonete em mãos molhadas se tratasse, que a minha máquina caiu ao chão. E lá ficou. Bem mais do que os 3 segundos daquela demorada luta, devo confessar. Eu olhava-a com admiração e tristeza, enquanto imagens aleatórias apareciam no seu entorno, vagabundeando por um solo pesado de tão duro, demasiado, para uma pequena tão frágil.
Tanto que me custou a paga-la, tanto que dela preciso!
Tanto dinheiro que não tenho, tanto que vou precisar!
E é assim, que me surge, num ápice, o esboço de um sorriso satírico, o que é que se há-de fazer.

Eu bem sei que podia chorar e passar o dia em lágrimas, questionando-me sobre as escassas opções que possuo neste momento para compor aquela parte material de mim que me leva a unir-me a uma máquina. E podia, claro que podia, explodir com umas mãos cheias de palavrões e pontapés no ar, amenizando a dor material de uma necessidade imaterial. Podia também esbracejar, indagando que isto só me acontece a mim, que sou uma pobre menina infeliz sem dinheiro e, agora, sem a minha pequena. Podia tornar-me uma coitadinha infeliz – tenham muita pena de mim, por favor –, como podia também gritar alto e bom som “AHHH! PORQUÊ EU!?!?”!

Podia, claro que podia. Mas como diz o outro, não era a mesma coisa.

Porque eu sei bem que apesar das dificuldades que terei para a consertar, as coisas simplesmente acontecem. E de que me vale chorar, depois do leite derramado? E uns bons litros, digo-te já.
Aperta-me o coração, claro que sim. Custa-me, então não! Mas o que tem de ser, tem mais força. E eu, depois de tantas dificuldades, dores e lutas, já simplesmente me rio.
Talvez seja loucura, dizes tu. Mas eu não posso concordar contigo. Rir, nestes casos, é uma protecção que o coração tem para amenizar as dores de algo que poderia ser bem mais forte. E não me refiro apenas à máquina, mas a tudo o que acontece nos nossos coraçõezinhos de manteiga às vezes duros, mas que se derretem assim que uma brecha de um sol tão nosso os rasar.

A maior dificuldade que o ser humano tem – e o que o faz ser tão maravilhoso e diferente de todos os animais – é a capacidade de sentir de uma maneira exarcebada. O que nos impede, na maior parte das vezes, de ver os acontecimentos como eles são na realidade. È a nossa ligação tão efémera mas tão forte à terra e ao que admitimos ser nosso, que nos faz ser egoístas quando algo nos falta e chorar, quando devíamos estar gratos por termos tido a oportunidade de ter realmente, uma oportunidade.

Uma máquina partida, uma dor que já passa, uma complicação económica e um risinho satírico. È isto. A simplicidade tão complicada de uma vida. UFA!

Beijinhos, Ana

Sem comentários:

Enviar um comentário