Sou tão estupidaaaa!
Eu até podia interessar-me por
outra pessoa, podia. Não querendo parecer convencida, confesso-me bastante
requisitada para saídas e chovem convites e pedidos de amizade todos os dias.
Rapazes giros, meninos do papá, que me chamam princesa e me entregam flores
diariamente. Os melhores discursos e os mais belos gestos. E eu nunca me
interesso, nunca. As minhas amigas já desistiram. Não sabem o que se passa, que
desde que vim de Londres que ando assim. Pudera.
Há seis meses atrás, acabada de
chegar da Londínio Romana, pensava que já não me podia acontecer mais nada
neste cantinho de Portugal, que eu já era uma menina do mundo: 4 anos fora da
minha nação fizeram de mim conhecedora de muitos países, culturas, formas de
vida e o meu poder de comunicação fez-me conhecer topo o tipo de Pessoas. Nunca
pensaria eu que, depois de pousar as malas e ir de empurrão tomar café com a
família para responder aos “ai, diz lá como foi”, “viste os reis?” e “não
comeste bem, pois não filha? Eu sabia que tu não te ias dar sozinha!” pudesse
chocar com ele. Eu a entrar, ele apressado de saída e 30 pães a voar padaria
fora. Foi lindo. Aquele cheirinho a pão quente e doces, que eu adoro, uma
confusão imensa e o meu tempo parado. Ali. Só eu e ele. O meu jeito
desajeitado. A sua timidez, meia tonta, e tão sua. Eu. Ele. Ele e eu.
E O BATER DE GONGOS GIGANTES NO
MEU CORAÇÃO!
- Estás bem?!
(Ai estou, estou, então não
estou. Se sabia tinha desmaiado, que essas mãos de pasteleiro podiam bem fazer
de mim o melhor croissant do mundo)
Levantei-me apressada, sacudindo do peito os restos de farinha e declarei aberta a minha sina, uma loucura desenfreada pelo menino da padaria que eu nunca tive a coragem de conhecer. Todos os dias, de manhã e depois do almoço, faço os possíveis e os impossíveis para estar ali, naquele estabelecimento que aos poucos se foi tornando a minha segunda casa. Sozinha ou acompanhada, sinto-me bem ali, mesmo sendo difícil vê-lo tanto como queria. Malditas películas de vidros, clientes e tudo e tudo e tudo!
Levantei-me apressada, sacudindo do peito os restos de farinha e declarei aberta a minha sina, uma loucura desenfreada pelo menino da padaria que eu nunca tive a coragem de conhecer. Todos os dias, de manhã e depois do almoço, faço os possíveis e os impossíveis para estar ali, naquele estabelecimento que aos poucos se foi tornando a minha segunda casa. Sozinha ou acompanhada, sinto-me bem ali, mesmo sendo difícil vê-lo tanto como queria. Malditas películas de vidros, clientes e tudo e tudo e tudo!
Claro que eu não me fiquei por
aqui: aos poucos, fui sabendo dele nas mais variadas vertentes, sem ele sequer
alguma vez imaginar. Cá para mim, isso também pouco lhe importa: Evita-me de
todas as maneiras, em todos os sentidos. “É tímido e muito calado, menina. Mas
um doce de rapaz!”, ouço.
O doce dos doces, é o que é.
Será que algum dia terei a
oportunidade de poder ouvi-lo falar de todas as histórias maravilhosas que tem, que eu sei
que tem, para me contar? Se calhar não sou o género rapariga que ele procura.
Acho que é isso. Ninguém vai levar a sério uma tagarela, cheia de amigos com a
mania das modas e das tecnologias! A dita “popstar” que não é levada a sério,
mais uma vez. A menina rica, só porque o pai é bancário e mãe professora
universitária, que toda a gente julga queque. Bah, quantas vezes já ouvi esta
história, quantas vezes já chorei por ela! Por mais que tente, ninguém me leva
a sério. Tão pouco os meus pais, “que a menina tem é que casar com alguém da
sua classe, estudar e ter um ciclo de amigos fechado que hoje em dia a inveja é
muita e as pessoas só nos fazem mal!”
Acabo de fazer um gesto obsceno.
Eu quero é alguém que me ame. Que
me ame de verdade. Quero ser eu, viver no meu cantinho cheio de cães e gatos, que
tanto adoro e que nunca pude ter, quero quero ter o meu conto de fadas real, protagonizado por pessoas reais, com problemas reais, que
não sejam o “ai querido parti uma unha!” e “o Artur, comprou um carro novo. Mercedes.
Que falta de gosto!”.
Quero alguém que me abrace e me
faça sentir protegida, que cante comigo no chuveiro e me cubra quando estiver a
dormir. O que eu quero mesmo, é Ele. Quero aquele coração de Ouro, aqueles
braços fortes e o cheirinho dos docinhos quentes no nosso forno. Quero guerras
de chantily e passeios pela beira mar, risos e choros, mãos dadas e palavras
sinceras. Quero aqueles olhos de amêndoa doces e a ternura do seu sorriso.
Quero ser feliz.
E, pela primeira vez na minha
vida, não sei como.
Se, pelo menos, ele se
interessa-se por mim, se ele me visse, realmente…
Sem comentários:
Enviar um comentário