Faz hoje um ano que o meu avô partiu. Há um ano atrás, umas horas antes das que são agora, ainda estava com ele. O seu corpo começava a ficar frio, a sua pele endurecia e eu acompanhava passo a passo a sua entrada na eternidade. As minhas mãos permaneciam entrelaçadas nas dele, como que a impedi-lo de partir, implorando que ficasse, que me mostrasse sempre aqueles olhos azuis e me contasse dos feitos por terras brasileiras, o seu orgulho. Mas o meu avô já tinha sido chamado para um sítio melhor.
Apesar da dor que fica, da saudade que dói, da lacuna que se deixou abater sobre mim, reconforta-me a esperança de o rever um dia, acalenta-me que tenha culminado tanto tempo de sofrimento imensurável.
Há um ano atrás uma nova estrela surgiu nos céus. Brilhará sempre forte e convicta de que cumpriu o seu dever na terra. Mesmo assim, os seus raios afectarão as gerações futuras que saberão de toda a história da sua existência.
E continuo a sentir-te aqui bem perto, alojado no meu coração, que permanece quente por esta recordação de ti. Fui abençoada pelos teus ensinamentos e considero-me previligiada por descender de ti e me teres visto crescer.
Bem hajas, avô. Bem hajam todas as estrelinhas que nos iluminam todos os dias.
A distância que nos separa do céu é tão mais pequena quanto a capacidade que temos em recorda-lo.
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